Codex Gigas - A biblia do diabo


A aura de mistério que envolve esta incrível artefato apenas se aprofundou nos últimos séculos, quando o imponente tomo, cujo nome se traduz literalmente como "Livro Gigante", continuou atraindo o interesse e despertando a curiosidade de todos que lançaram os olhos sobre ele. E não é de se admirar que o livro chame tanta atenção.
O Codex Gigas é o maior documento medieval conhecido. As páginas de velino grosso e amarelado foram supostamente confeccionadas com a pele esfolada de 160 burros que deram origem a um livro com notáveis 92 cm de altura, 50 cm de largura e 22 cm de espessura. As 310 páginas que o compõem são encerradas em uma volumosa encadernação com capa de madeira, couro reforçado e detalhes metálicos. O volume é tão pesado que são necessários dois bibliotecários para manuseá-lo.

O  manuscrito teria sido escrito no século XIII por um monge beneditino que vivia num isolado mosteiro em Podlažice na região da Bohêmia, que hoje corresponde a República Tcheca. Não se sabe quem foi seu autor e esse aliás é um dos grandes mistérios que cerca a obra.



Existe uma lenda muito antiga sobre a criação do Codex Giga. Segundo essa lenda, o responsável pelo trabalho foi um monge rebelde que rompeu com o rigoroso códigos de sua ordem. Por suas atitudes ele foi condenado a ser emparedado vivo em uma cela. Para evitar a agonia de morrer de fome e sede, o monge se comprometeu com seus superiores a escrever um tratado que glorificaria o nome da ordem para sempre. Esse maravilhoso livro deveria reunir todo o conhecimento humano em suas páginas e ser uma obra definitiva de erudição e sabedoria. Havia, no entanto, uma condição bastante específica: o monge teria apenas vinte e quatro horas para completar a tarefa.



Imediatamente ele se pôs a compor uma vasta bíblia com uma caligrafia rebuscada e firme. Cada página de velino deveria ser decorada com belíssimas iluminuras feitas com uma tinta vibrante nas cores vermelha, azul, amarela, verde e dourado com um grau de detalhismo surpreendente. O religioso pensou que fazendo um trabalho extraordinário poderia convencer seus colegas a lhe poupar.

Diz a lenda que próximo da meia-noite o monge concluiu que não poderia completar sozinho a tarefa hercúlea. Desesperado, ele invocou o diabo implorando que este o ajudasse a terminar o trabalho no prazo estipulado. O demônio teria surgido no interior da cela e concordou em cumprir sua parte em troca da alma do monge. Sussurrando no ouvido do pobre coitado as palavras que deveriam ser escritas, o trabalho se intensificou: textos inteiros começaram a surgir nas páginas antes vazias, imagens detalhadas abrilhantavam cada folha, trechos de poesia se escreviam sozinhos e passagens das sagradas escrituras se multiplicavam. O diabo, além do preço pactuado, exigiu mais uma condição, uma grotesca imagem deveria ser incluída na obra. Na página 290 do tratado há uma ilustração de página inteira com uma figura sinistra identificada como um retrato do próprio demônio. Ironicamente, na página ao lado encontra-se uma ilustração do Paraíso criando uma contradição. Para alguns esse elemento alude ao fato de que Paraíso e Inferno co-existem lado a lado em uma espécie de equilíbrio perene.


Com a ajuda do demônio, o monge conseguiu completar a obra e antes do surgimento dos primeiros raios de sol, o manuscrito estava pronto. Maravilhados com o resultado, e considerando que aquilo so podia ser uma inspiração divina, os monges libertaram seu colega. Imediatamente ele deixou o lugar sem olhar para traz. Algumas lendas afirmam, que quando já estava longe, ouviu-se os gritos aterrorizados dos monges ao de deparar com a ilustração da página 290 onde contemplaram a imagem do diabo.

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